Tuesday, April 28, 2009

ANC venceu mas perdeu terreno nas eleições de 22 de Abril

África do Sul

* Aliança Democrática conquistou 77% dos votos dos emigrantes * Comentador explica fracasso do Cope

Pretoria (Canal de Moçambique) - Embora tenha arrecadado 65,9% dos votos nas eleições legislativas nacionais, o ANC não conseguiu alcançar a almejada maioria parlamentar de 2/3, que lhe permitiria alterar a Constituição de 1994. Nas eleições de 22 de Abril, o ANC conquistou 11.650.748 dos 17.680.729 de votos depositados pelos eleitores, o que lhe confere o direito a dispor de 264 assentos no parlamento. A nível provincial, o ANC venceu em todas as províncias, excepto a do Cabo Ocidental que foi conquistada pela Aliança Democrática.

A Aliança Democrática passará a ter 67 assentos no Parlamento nacional, o Congresso do Povo (Cope) 30, e o Partido Inkatha da Liberdade (IFP) 18.

O Movimento Democrático Unido, a Frente da Liberdade (FFP) e os Democratas Independentes terão cada um 4 lugares no Parlamento.

O Partido Africano Cristão Democrata conquistou 3 assentos no Parlamento nacional.
O Partido Cristão Democrático Unido obteve dois lugares e o Congresso Pan-Africanista da Azânia (PAC) um lugar.

Pela primeira vez, o eleitorado representado nos diversos círculos eleitorais reservados a emigrantes foi autorizado a participar nas eleições de 22 de Abril. Dos 9.857 eleitores registados junto de embaixadas sul-africanas no estrangeiro, 7.581 (ou 77%) votaram na Aliança Democrática. A Frente da Liberdade (FPP), que juntamente com a Aliança Democrática e outros partidos se havia batido pela consagração do direito de voto dos emigrantes na Lei Eleitoral, obteve apenas 270 votos.

Cope não materializou expectativas criadas

A grande expectativa das eleições deste ano era o futuro da Aliança Democrática de Helen Zille como principal partido da oposição em face do aparecimento na cena política sul-africana do Cope, formação resultante de uma cisão no seio do ANC. Conforme refere o comentador Rapule Tabane do semanário «Mail & Guardian» de Joanesburgo, os líderes do Cope afirmavam representar 40% dos membros do ANC que haviam votado em Thabo Mbeki no Congresso do partido no poder, realizado em Polokwane em Dezembro de 2007. Isto sugeria que nas eleições gerais deste mês, o ANC poderia vir a perder a sua hegemonia política. Na prática, as expectativas criadas pelo Cope entre o eleitorado não puderam ser materializadas pois o novo partido não só se viu impedido de retirar a maioria ao ANC como também não substituiu a Aliança Democrática como principal partido da oposição da África do Sul.

Rapule Tabane aponta uma série de factores que contribuíram para a derrota sofrida pelo Cope nos plebiscitos deste mês. Segundo o comentador, “a campanha eleitoral do Cope foi erradamente concebida, tendo arrancado tardiamente.” Tabane salienta que “enquanto o ANC começou a promover a imagem de Jacob Zuma entre o eleitorado a partir de Setembro de 2008, em Fevereiro do corrente ano o Cope ainda não havia sequer afixado cartazes dos seus líderes em locais públicos. Quando a campanha eleitoral teve o seu início oficial, o Cope centrou a sua acção entre a classe rica, educada e intelectual” do país.

Segundo o comentador que temos vindo a citar, “o Cope contratou especialistas em relações públicas com vasta experiência em promover a imagem de individualidades entre as classes economicamente sólidas do país, mas que se pautaram pela ausência nas zonas rurais e cidades satélites onde reside a esmagadora maioria do eleitorado.” Mosiuoa Lekota, figura de proa do Cope, “dirigiu encontros com o sector africânder da população branca e representantes das profissões liberais, mas o candidato presidencial do partido, Mvume Dandala, assim como Mbhazima Shilowa, ex-dirigente sindicalista, despenderam pouco tempo a orientar comícios nas cidades satélites e em campanhas de porta-a-porta.”

Embora a Província do Cabo Oriental fosse considerada como o baluarte do Cope, este partido não se esforçou o suficiente para criar delegações nessa parcela do país. O facto do partido ter tardiamente escolhido o reverendo Mvume Dandala como candidato presidencial, preterindo a figura mais conhecida e popular de Mosiuoa Lekota, foi outro factor que contribuiu para a experiência amarga do Cope nas eleições de 22 de Abril. Não obstante esta decisão, a imagem de Lekota foi a que constou dos boletins de voto, e não a do candidato presidencial escolhido pela direcção do partido.
Acrescente-se a esses factores, a particularidade do Cope ter surgido na cena política sul-africana num espaço de tempo relativamente curto em relação à data dos escrutínios nacional e provincial, pese embora o facto de na África do Sul os meios de comunicação com as zonas remotas do país serem de nível sofisticado o que, à partida, não constituiria empecilho de monta para quem quisesse fazer campanha na mira de retirar ao partido poder a maioria que detinha no Parlamento e de se afirmar perante o país como a principal força da oposição.

(Redacção / Mail & Guardian / The Times)

Fonte: Canal de Mocambique


Saturday, April 18, 2009

Macuácua nega que “MDM” reduza a Frelimo a metade

Porta-voz da VII Conferencia Nacional de Quadros do partido governamental em Moçambique, a Frelimo, Edson Macuácua, diz que nenhuma força política com “desígnios externos, caso do MDM”, pode reduzir o partido das massas a metade.

Macuácua reagia assim as alegações do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), um partido recém-criado e presidido pelo Edil da Beira, Daviz Simango, segundo as quais um dos objectivos desta formação política é eliminar a Renamo (até aqui principal partido da oposição) e reduzir a Frelimo a metade.

Falando à imprensa, a margem da conferência de quadros da Frelimo que decorre desde Sexta-feira, na cidade industrial da Matola, Macuácua explicou que este posicionamento do MDM é próprio de um partido “atípico” cuja agenda está virada para interesses estrangeiros no lugar de nacionais.

Ademais, segundo soube a AIM do próprio Macuácua, este partido só tem membros praticamente de uma única província, diferentemente da Frelimo que está enraizado em todo o país e que é uma verdadeira escola de que os consensos se buscam num pluralismo de ideias.

“Por isso é que logo que este partido foi constituído, a respectiva liderança correu para a Europa para lançar o seu manifesto, onde até caluniaram o Estado moçambicano”, frisou Macuácua.

Considerando o MDM de “ilegal”, Macuácua adiantou que se este partido estivesse virado para interesses nacionais, não corria para Europa antes de se apresentar as populações nos distritos e províncias moçambicanos.

Macuácua, que também é Secretario para a Mobilização e Propaganda da Frelimo, reiterou que “o MDM é um partido que surgiu de uma cisão, dai que não está para servir os moçambicanos, mais sim para combater ou destruir outros partidos”.

Ele vaticinou que este partido vai desaparecer da mesma forma como apareceu.

“É um partido que se constituiu a partir de deserções e é por deserções que vai desaparecer”, explicou Macuácua.

Macuácua diz não ver nenhum pormenor que lhe possa convencer a dizer que este partido resulta da acção dos moçambicanos, senão de uma cisão dentro da Renamo.

Ele sustentou que “no discurso político do MDM encontramos o ódio e vingança”.

O Presidente do MDM, Daviz Simango, era membro de pleno direito da Renamo, tendo sido expulso desta formação política depois de se ter candidatado como independente nas eleições autárquicas de Novembro passado.

A expulsão do edil da Beira foi o culminar de uma decisão de excluir Simango como candidato da Renamo para a sua auto-sucessão nas últimas eleições municipais, não obstante ter demonstrado “boas” capacidades de gestão durante o primeiro mandato como edil daquela cidade do Centro de Moçambique, a segunda politicamente mais importante do país.

Simango acabou ganhando as eleições, deixando a Renamo sem um único município sob sua gestão. Moçambique possui 43 cidades e vilas municipais.

Retirado do O País.

Friday, April 17, 2009

Guebuza confiante na vitόria da Frelimo

O Presidente da Frelimo, o partido governamental em Moçambique, Armando Guebuza, disse não ter nenhuma sombra de dúvidas de que este partido e seus candidatos vencerão as eleições presidenciais, legislativas e das assembleias provinciais, que pela primeira vez decorrerão, em simultâneo, ainda no presente ano.


“Com militantes deste quilate e o nível de preparação que vislumbramos, a Frelimo e seus candidatos vencerão, uma vez mais, nos próximos pleitos eleitorais”, frisou Guebuza, falando hoje perante milhares de pessoas, entre delegados, convidados e outros participantes, que acorreram a histórica Escola Central da Frelimo, na cidade industrial da Matola, Sul do pais, local onde decorre a VII Reunião Nacional de Quadros deste partido.

“Disso nós temos certeza”, vincou Guebuza, na sua comunicação intitulada “País Construído por Todos e para Todos”, que apresentou na sessão de abertura oficial deste encontro de carácter consultivo.

Antes de manifestar este seu optimismo, Guebuza explicou que a VII Conferencia Nacional de Quadros, que se prolongará até o próximo Domingo, é mais um exercício que visa partilhar as reflexões e experiências trazidas por todos os cantos do país e traduzi-las em ingredientes enriquecedores do projecto deste partido para o próximo ciclo político.



Este projecto, segundo o Presidente da Frelimo, está inspirado e enquadrado no desiderato colectivo de um Moçambique melhor para todos.

Com efeito, os debates levados a esta conferência envolveram milhares de quadros dedicados a causa deste partido, mas pelo seu número elevado, não poderiam, todos eles caber na sala onde decorre a Conferência.

Mesmo assim, estão credenciados mais de 2.152 pessoas, entre delegados e convidados, idos de todo o país e da diáspora.

Esta situação levou Guebuza a afirmar que os militantes presentes na conferência são apenas uma pequena parte da grande maioria de compatriotas dedicados a causa do partido Frelimo e da nação moçambicana.

O Presidente da Frelimo indicou que são estes militantes que, sentindo-se desafiados em garantir a vitória do seu partido e dos seus candidatos, não se fazem de rogados.

Foi desta mesma maneira que, segundo explicação dada por Guebuza, eles tudo fizeram para que a sua Frelimo e os seus candidatos saíssem vitoriosos das eleições autárquicas de 19 de Dezembro passado.

A Frelimo conseguiu maioria em todas as 43 Assembleias municipais e venceu a presidência em 42 municípios.

“A pé, de bicicleta, de motorizada ou de transporte colectivo, fizesse sol ou chuva, de dia ou de noite, os nossos militantes e simpatizantes estavam no terreno a mobilizar e a articular a mensagem de um futuro melhor para Moçambique”, referiu Armando Guebuza.

Mais adiante, ele destacou que “é por isso que a estrondosa e convincente vitoria nesse pleito não foi obra do acaso”.

Ele fez menção a obra deixada pelo falecido Eduardo Mondlane, primeiro presidente da Frelimo (enquanto Frente de libertação na luta contra o colonialismo), e obreiro da unidade nacional, deixando claro que o compromisso que os militantes da Frelimo (partido) tem por um Moçambique melhor é a concretização do sonho deste grande líder.

Pelo seu reconhecimento, o Governo dedicou o ano de 2009 ano especial de Eduardo Mondlane.

Ele acrescentou que Moçambique, enquanto continuar a ser guiado pelo governo da Frelimo, também vencerá o flagelo da fome e da pobreza que ainda grassam o país.

Guebuza apelou para que os sectores público e familiar continuassem a servir de exemplo de que a vitória nesta batalha esta inteiramente ao alcance.

De acordo com ele, os moçambicanos já deram provas de sobra da sua tomada de consciência de que o melhoramento da sua condição de vida está sempre dependente do seu trabalho mais do que qualquer donativo ou oferenda de terceiros.

“O nosso povo percebe que não é o boato, a inveja, a calunia e a intriga que geram riqueza no país”, referiu Guebuza, acrescentando, por outro lado, que o povo moçambicano também percebe que o boato, a inveja, a calunia e a intriga são “adubos” que fertilizam e fazem florescer a pobreza.

Para hoje, a conferencia vai se concentrar na análise das últimas eleições, o grau de cumprimento do manifesto eleitoral das eleições gerais de 2004, para além da apresentação e debate, em sessão plenária, de sugestões para a elaboração dos manifestos eleitorais para as eleições presidenciais, legislativas e das assembleias provinciais.

Fonte: O País