Thursday, May 21, 2009

Partido de orientação “divina” vai concorrer no pleito eleitoral

O ANTIGO presidente da LINK - Fórum de Organizações Não-governamentais, José Viana, lançou na quarta-feira, no município da Matola, província do Maputo, o seu partido político, denominado União dos Democratas de Moçambique (UDM), que vai concorrer às eleições gerais e provinciais agendadas para 28 de Outubro próximo.

Segundo Viana, a UDM é uma congregação de todos os moçambicanos que se sentem injustiçados pelas políticas adoptadas pelo Governo moçambicano.

Viana disse a jornalistas que a UDM é um partido que segue orientações divinas, seguindo os princípios de “Deus Todo Poderoso”.

“Democratas são todos os moçambicanos que se julgam injustiçados nos seus mecanismos de socialização. A União dos Democratas não é uma união de partidos políticos, mas sim do povo sofredor, aquele que está injustiçado pelas políticas do Governo, como o desmobilizado de guerra, que defendeu esta pátria e não tem nenhuma recompensa, os combatentes da luta armada que compulsivamente são postos na reserva, os agentes da segurança privada que passam noites sem nenhuma segurança”, explicou.

Viana acrescentou que foram esses moçambicanos que se sentiam revoltosos que o encorajaram a criar o partido. “Isto significa a revolta do povo moçambicano”.

Segundo ele, UDM vai concorrer a todos os pleitos eleitorais previstos para este ano no país e já garantiu que será o presidente de Moçambique nos próximos cinco anos, apesar de não contar com financiamentos para a actividade eleitoral, sobretudo a campanha.

“Não estamos preocupados com apoio financeiro e nem morais carnais. Nós temos a devida orientação de Deus, nós temos todo o apoio que é a ordem e decisão que provêm de Deus. Vamos concorrer às eleições provinciais, vamos às legislativas e eu serei o presidente de Moçambique a partir do próximo ano, mesmo sem apoio material porque toda a riqueza vem de Deus, o dinheiro que as pessoas possuem provém de Deus”, sublinhou.

No seu discurso, Viana vincou que vai governar o país na base da orientação divina e já diz que vai abolir a laicidade do país, tornando Moçambique num país religioso, em que os moçambicanos temem a Deus. A Constituição define Moçambique como um país laico.

“Vou dirigir este país na base da orientação divina porque todos devem ser tementes a Deus em toda a sua plenitude. Esta Constituição da República que temos será banida, porque separa o homem de Deus e isso não pode ser”, disse.

GOVERNO INCLUSIVO

Porém, Viana garantiu que o seu Governo será inclusivo, em que os moçambicanos vão dirigir o seu próprio país.

As ameaças do presidente da UDM continuaram, tendo dito que os actuais órgãos eleitorais, nomeadamente a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) serão dissolvidos, alegadamente porque a maior parte dos elementos que os compõem estão ao serviço do partido no poder, a Frelimo.

De tudo que Viana disse, o mais estranho foi o facto de ter sublinhado que é da Frelimo, tendo chegado ao ponto de mostrar o cartão daquele partido.

“Eu sou filho da Frelimo, filho de combatente da luta de libertação nacional. A UDM é uma continuidade dos ideais de Samora Machel e de Eduardo Mondlane, portanto, é uma réplica da Frelimo. Nós somos o acrónimo maiúsculo da Frelimo”, sublinhou.

Ainda não é conhecido o número de membros que a UDM possui. A força política recém-criada ainda não tem sede, apesar dos estatutos referirem que a mesma estará em Maputo, devendo ter representatividade noutros pontos do país.

“Fizemos o registo dos membros que fazem parte do nosso partido e neste momento são mais de 20 milhões de pessoas. Temos representação em todo o país e a nossa sede é o coração de todos os moçambicanos filhos de Deus injustiçados”, referiu.

José Ricardo Viana foi presidente da LINK e diz ter abandonado aquele fórum de organizações da sociedade civil por estas entidades estarem alegadamente corrompidas pelo Governo e pela Frelimo.

De referir que Viana escreveu uma carta para o antigo director do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE), Gregório Leão, a denunciar suposta subversão e ligações entre partidos da oposição e várias organizações da sociedade civil.

Nas referidas cartas, Viana denunciava, ainda, que a Organização não-governamental Kulima, do activista italiano Domenico Liuzzi estava a agitar a sociedade civil contra o Governo moçambicano e que a mesma entidade canalizava fundos dos seus projectos para apoiar a Renamo.

Questionado sobre os resultados das suas denúncias, declinou ter escrito tais cartas e se defendeu “não respondo isso, a Frelimo é que fez isso e vocês (jornalistas) também conhecem o assunto por isso foram enviados para me perguntar sobre isso”.

A UDM foi constituído no dia 16 de Maio de 2009, tendo indicado Viana como presidente. Em breve serão indicados o respectivo secretário-geral, bem como os componentes dos órgãos daquela força política, que oportunamente serão empossados.

AIM

Fonte: Jornal Notícias

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